A história do colégio que ficou sem terra

Por Cristina Chacel
Do Projeto Colabora

Hoje à noite tem aula no campo

Seu Antônio, pele preta e cabeça branca, vai estudar. Ele é um dos inscritos na escola inaugurada na quarta-feira, 16 de agosto, no acampamento do Movimento Sem Terra (MST) no município de Coronel Pacheco, na Zona da Mata Mineira. Seu Antônio sabe chegar. Conhece de cor e salteado o caminho da escola. A vida inteira ele trabalhou ali, naquele chão, de sol a sol, na fazenda do patrão. Por isso não estudou. Hoje, ele é um dos camponeses que ocupam a Fazenda São José, parte de um latifúndio improdutivo que tem o nome de Liberdade. Analfabeto, beirando os 70 anos, Seu Antônio vai, enfim, estudar.
[...]
No dia seguinte, 17 de agosto, a má notícia se espalhou como rastilho de pólvora entre as 315 famílias que há três meses acampam na Fazenda São José, no latifúndio que tem, por ironia, o nome de Liberdade. Em última e definitiva decisão, o colegiado de desembargadores de Belo Horizonte concedeu a reintegração de posse ao proprietário da terra, Horácio Dias. Sem apelação, a ordem é de despejo. Em que prazo, ainda não se sabe.
Para continuar lendo acesse:link

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Livro: TERRITÓRIOS EM DISPUTA NO FECHAMENTO DE ESCOLAS NO CAMPO DO ESTADO DE GOIÁS

       O livro apresenta o panorama de fechamento de escolas no campo do estado de Goiás. No primeiro capítulo, “Os camponeses no momento de negação do direito à educação escolar na Mesorregião do Norte e do Sul Goiano”, Francilane Eulália de Souza, Gisele Leite Bibiano, Tainara Alves de Jesus Alves e Daniela Lopes Rocha apresentam as reflexões sobre os impactos do fechamento de escolas no campo nas Mesorregiões do Sul e Norte Goianos.      No segundo capítulo, “Um pé no campo e outro na cidade: causas e consequências ao fechamento de escolas no campo na Mesorregião do Leste Goiano”, Francilane Eulália de Souza e Cássia Betânia Rodrigues dos Santos apresentam um panorama do encerramento das atividades das escolas no campo na Mesorregião citada, refletindo sobre as consequências da constante diminuição e do fechamento dessas escolas no território do campesinato goiano.      No terceiro capítulo, “A gênese e o fechamento das escolas n...
Read more »

O ESTADO DA ARTE DAS TESES E DISSERTAÇÕES EM EDUCAÇÃO NO/DO CAMPO NO ESTADO DE GOIÁS DE 1998 A 2023

 RESUMO  Na década de 1990, no Brasil tomou impulso o movimento de educação no/do campo, surgido das demandas dos movimentos camponeses na construção de uma política educacional. Esse paradigma da Educação do Campo também está presente no estado de Goiás. Nesse contexto, objetivamos saber qual é o estado da arte das pesquisas sobre a educação no/do campo no estado de Goiás, tomando como parâmetros as dissertações e as teses vinculadas aos programas de pós-graduação que foram concluídas de 1998 a 2023. Para tanto, foram de suma importância as pesquisas bibliográficas ligadas ao tema, assim como a pesquisa documental sobre os marcos teóricos e legais da educação do campo no estado de Goiás, também pesquisa documental, valendo-se dos métodos da bibliometria em Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações Biblioteca e Catalogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Buscou-se, aqui, elaborar um estudo detalhado sobre...
Read more »

ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE ORIZONA (GO): Uma Proposta de Educação Camponesa?

ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE ORIZONA (GO): Uma Proposta de Educação Camponesa? Ana Paula de Medeiros Ferreira Esta pesquisa tem como objetivo principal compreender a Escola Família Agrícola de Orizona (GO) - EFAORI, uma experiência de educação alternativa às convencionais, direcionada aos jovens do campo. Espera-se compreender como se organiza a escola, sua política e se a mesma tem atendido aos seus objetivos. Historicamente, a educação formal brasileira foi organizada para legitimar os interesses das classes dominantes e com a educação do campo a realidade não é diferente. Faltam políticas públicas eficientes, que forneçam aos jovens do campo uma educação que os prepare para a vida e o trabalho no campo. As EFA s surgiram na França na década de 1930 e chegaram ao Brasil no estado do Espírito Santo na década de 1960, aliada à luta dos movimentos sociais pela terra e por uma educação do campo diferenciada. Logo a experiência se espalha por todas as regiões do Brasil, para se opor à edu...
Read more »